Resenha - Uma porta para duas lembranças - Garimpo Editorial
Fiquei muito feliz em receber esse livro da Garimpo, pois fomos parceiros por muito tempo em outro blog, reaver esta parceria foi um imenso prazer. O projeto gráfico da editora sempre me encantou; tenho problemas em ler livros de páginas brancas, os da garimpo são em folhas amareladas e mais finas o que me facilita (e muito) e leitura. Como se trata de uma história real, a divisão de capítulos é dada com fotos dos personagens e locais dando a nós a oportunidade de conhecer melhor os personagens, tanto na descrição cuidadosa dos fatos, quanto em imagem. A capa é de uma simplicidade nostálgica. Já devem saber da minha paixão por construções antigas. Vamos ao livro.
Achel Tinoco escreveu maravilhosamente bem a biografia (do ainda vivo) Joaquim Coutinho resgatando suas memórias e divulgando-as de uma forma terna, realista e “popular”. Uma porta para duas lembranças trás relatos das vidas de Teresa e Joaquim que se unem numa linda história que teve inicio na Bahia durante o Coronelismo.
As descrições dos locais e épocas da infância foram muito bem retratadas, dando ênfase a cultura do local, exaltando expressões idiomáticas, apelidos e hábitos simples do cotidiano dos personagens envolvidos. Narra a vida dura dos trabalhadores em busca de diamantes, a constante preocupação de instruir seus descendentes e amor, na forma mais pura entre Joaquim e Teresa, que acabaram de completar Bodas de Ouro. A simplicidade da escrita dá a impressão que os fatos são recentes, como se estivéssemos em uma conversa com algum amigo.
“Levantou o copo à altura dos olhos, como se medisse o tamanho do gole a jogar goela abaixo, derramou uma talagada sobre o piso de lajotas de barro, para homenagear seu santo de devoção, qualquer um, e despejou todo restante do líquido ardente dentro da boca, fazendo uma cara medonha.”
Retrata também importantes passagens de tempo registradas em jornais antigos, revistas, fotografia e televisão. Além de muito envolvimento de crenças em almas penadas, visagens e maldições, que dão um ar cômico à alguns capítulos. Joaquim é com toda certeza um exemplo a ser seguido, sua colaboração para a educação do seu povo foi imensa, usando um método que não visava estritamente a eficácia da alfabetização e sim conscientizando o educando utilizando o diálogo como parte importante no processo (onde segundo Paulo Freire o diálogo é o conteúdo programático da educação).
O fato de eu ter raízes no interior me fez adorar o livro, a forma que a história foi contada, a estrutura familiar, a cidade, os botecos, enfim, tudo, deixou-me com um pouco de saudade das coisas que ficaram para trás. Grata a Garimpo editorial por esta oportunidade.
OBS:
Imensamente feliz pela
vinda do autor neste espaço.
querida amiga, muito obrigado pela sua resenha, muito bem feita por sinal, sobre este meu livro. Bem se nota que vc é do interior, conseguiu perceber muitos detalhes nas entrelinhas. E, principalmente, notou a preocupação do casal para com a educação. Até hoje eles são assim, vivem ainda a lutar pela a educação de sua gente. Obrigado.
ResponderExcluirComo não ficar com vontade de ler um livro desses depois de ler uma resenha simplesmente incrível dessas,fiquei com tanta curiosidade,já que não conhecia a obra.A Capa ficou perfeita,igualmente a história deve ser.
ResponderExcluirBeijos
http://nadadecontodefadas.blogspot.com